A notícia do falecimento do Michael Jackson foi dada pela internet. Desde então, até o dia de seu apoteótico e “suposto” enterro, foram cerca de 2,5 milhões de downloads de suas músicas. Incontáveis mensagens foram postadas, muitas delas, com a plena convicção de que o finado vai respondê-las.
O homem sempre teve dificuldade para lidar com o passamento, independentemente da crença, o mistério “pós vida” na terra é uma das coisas mais difíceis para se aceitar.
É interessante observar como isso vem sucedendo em tempos de web. A experiência de receber um email (da secretária) pelo endereço daquele amigo ou conhecido, com quem você se comunicava costumeiramente, com a notícia de sua morte é estranha e impactante. Antigamente a notícia vinha pelo telefone, assim mais macia à nossa alma. Agora nos pega de surpresa, correndo os olhos nos “assuntos” de nossos emails, topamos com o nefasto – FALECIMENTO –, assim mesmo em letras maiúsculas.
Mais estranha ainda é o Msn, Orkut ou seja lá onde ele estava. No início, cheia de mensagens um verdadeiro réquiem digital, com fotos histórias e depoimentos. Se ninguém souber a senha, ao que nos consta, ficará dramaticamente eternizada, on line e em “tempo real” marcando o passado. É o virtual tentando preencher o vazio da vida real.
No Japão temos notícias que já existem nos jazigos Q.R.Codes, e mensagem via Bluetooth, sobre a vida do defunto.
Os companheiros de pescaria de meu pai tinham o costume de colocar uma linha e anzol no caixão dos que “iam à frente”. A sua maneira profetizavam: “Vai que tem um riozinho por lá.” É uma tradição antiga os indígenas serem enterrados com seus arcos e flechas. Não duvidemos, pois, que em breve o “homus conectadus” venha ser sepultado com seu inseparável celular, e assim quem sabe, nossa frugal esperança passa a ser que: Logo haverá banda larga, também no céu...Que assim seja.